segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Cronicamente Circunvagante - "Danças e Favas"

Recordando uma crónica escrita em meados de Novembro de 2010 sobre a actualidade da altura. Orçamento de Estado, pré-campanha de Cavaco Silva, Manuel Alegre e Fernando Nobre e também declarações do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado. Eis "Danças e Favas".

________


Exmos. Srs. do Partido Socialista e do Partido Social Democrata

Então afinal o Orçamento vai ser aprovado? Tantos à espera que a divergência fosse a sério e fazem uma destas?

Bem dizia Sócrates que ia dançar o tango com Passos Coelho. Como se sabe, essa dança sul-americana baseia-se na aproximação e afastamento bruscos dos dançarinos. Tão depressa quase se beijam como, num ápice, se afastam. E tem sido assim esta dança do primeiro-ministro com o líder do PSD.
Num ritual de sedução, ou não fossem eles duas figuras tão preocupadas com a imagem, só os portugues não ficaram seduzidos. Resta saber quem é o homem e a mulher, porque, de resto, o par é perfeito.

“Corta aqui”, “poupa ali”, mas depois “esbanja acolá”, a situação financeira portuguesa não está famosa.
Falando em danças, o ministro socialista Teixeira dos Santos e o ex-ministro laranja Eduardo Catroga parece que dançaram um slow enquanto negociaram um documento que ficou praticamente na mesma. A pasta das Finanças nunca foi fácil de gerir e quantos mais tentam pegar-lhe, pior o cenário fica. No que toca a isso, o prefixo “ex“ é, aparentemente, miraculoso. Um ministro de algo que passe a ser ex-ministro de algo ganha logo um reconhecimento enorme. Umas vezes, pelo alívio de já lá não estar, mas outras porque foi o “melhor ministro de sempre”.

Disso é exemplo Cavaco Silva, que também anda por estes dias a dançar em todos os sítios que pode, pois Janeiro aproxima-se a passos largos. Já Manuel Alegre, esse sim, tem que bailar o “corridinho” e ter jogo de cintura a dobrar, pois presta contas a socialistas e bloquistas. Pelo meio, acusa Cavaco de ser um “gestor de silêncios”. O ainda Presidente da República não respondeu à provocação. Só não se sabe se não o fez por opção ou se por ter na boca uma fatia de bolo típico do Natal. E já que estamos numa de bolo rei, é sempre ao povo que calha a fava. É precisa mais receita? É preciso colmatar as falhas de quem (des)governa? O povo paga!

Aqui entra Fernando Nobre, que chama a si os valores da verdadeira cidadania e a virtude de não ter os vícios de “politiquice” dos partidos. Enquanto Nobre reclama um lugar no panorama político nacional, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, alerta que o país precisa de um governo de coligação e coloca o seu lugar à disposição caso isso seja o melhor para Portugal. Com isto, Amado passa a ser, para alguns, mal-Amado.

Para aqueles a quem, provavelmente, nunca calhou a fava.

Sem comentários: