segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Uma semana na Tunísia pré-Revolução do Jasmim 02

A viagem até Hergla decorreu com normalidade. Ao chegar, notou-se logo a assimetria entre o ambiente urbano de Tunis e os aspectos mais "atrasados" de Hergla. Ainda assim, registo para um Centro Cultural digno de visita, as árvores perfeitamente talhadas em forma de paralelepípedo (uma sombra deleitosa quando o Sol era mais forte) e também o grande número de lojas dos mais variados tipos.
Mais uma vez, a grande quantidade de fotografias de Ben Ali, os automóveis de marca francesa e o número incrivelmente grande de mobilettes nas ruas. Não pode ser esquecido o azul cristalino do Mediterrâneo constantemente a chamar por uns mergulhos.

Bebidas alcoólicas nem vê-las! Muito chá verde com hortelã ou menta, Coca Cola, Fanta ou água é o mais comum. Pagar a Fanta e a garrafa de vidro quando se quer ficar com ela também é, ao que parece, comum. Papel higiénico na casa-de-banho só após pedido especial, já que o processo habitual é a mangueirinha colocada ao lado das sanitas.

Depois, a primeira refeição. Algumas iguarias típicas da Tunísia, o pão típico da Tunísia, a mistela picante típica da Tunísia, o atum em todo o lado e também (infelizmente para mim) o pepino em todo o lado. Já agora, algo como "mane hábiche faque uce" significa "não gosto de pepino".

Também foi importante conhecer o dono da casa onde ficámos instalados: o "Aladino". Segundo ele, era o verdadeiro Casanova de Hergla, qual D. Juan tunisino. Completamente ocidental, viciado em hip-hop americano, tinha o desejo de ir viver para os EUA mas não conseguia obter o visto para se mudar. Era o primeiro a admitir que "ainda não estava preparado para ser um bom muçulmano, porque gosta de beber, não gosta de rezar e sai com várias raparigas". Mas 50 Cent, Snoop Dog ou Eminem eram a especialidade dele, para além de toda música árabe que ele ouvia (intragável para os meus ouvidos, diga-se). Aladino era um dos muitos jovens tunisinos que queria mais democracia, nomeadamente na Internet, onde o acesso a sites como o YouTube estava barrado. Ainda assim, havia sempre forma de contornar esse impedimento e visualizar os vídeos online não tinha grande dificuldade.

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