quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Crónicas

Enquanto que o post anterior, como devem ter percebido, constitui uma crónica que relata a história de um senhor (entenda-se o eufemismo na designação) que espirrou, com todo o descaramento, para cima de mim, o próximo texto que vos apresento é uma reprodução da crónica que escrevi para a cadeira de Técnicas de Expressão de Português e que servirá como objecto de avaliação para o 1.º semestre, valendo 30% da minha nota final. Esta crónica intitula-se, então, "Factor X".

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“Factor X”

Portugal tem, no seio da sua população, um terrível problema com a letra X e com as cruzes que se assemelham à supracitada letra. Há uma certa dificuldade em uniformizar o comportamento social quando se trata da escrita de um tão fácil cruzamento de duas meras linhas. Quando se trata de eleições nacionais, em que há a oportunidade gratuita e facilitada de o povo expressar a sua opinião e estado de espírito relativamente à política, parece que há um problema de locomoção das pessoas até às assembleias de voto, onde há a possibilidade de os eleitores colocarem uma cruz num quadradinho, gatafunhar a seu bel-prazer o boletim, ou simplesmente entregá-lo tal e qual como o receberam – em branco. O mesmo não acontece com os boletins do Euromilhões, Totoloto ou Totobola, que semanalmente são invadidos por milhares de cruzinhas que tentam desafiar as leis das probabilidades. Por outro lado, há alguns anos, quando a taxa de analfabetismo assolava o nosso país, o mais frequente era assistirmos ao espectáculo indecoroso das “assinaturas em cruz”, que eram bem representativas do paupérrimo nível de conhecimento e formação académica dos portugueses relativamente à “língua de Camões”. Falando em cruzes, não pode ser esquecida a igualmente arrepiante e preocupante realidade das “assinaturas de cruz”, que tantas vezes conduzem a situações de descalabro e que põem em causa a honra, credibilidade e competência de muitos indivíduos. Os jovens, tendo em conta as novas tecnologias e formas de comunicação, nomeadamente através dos telemóveis e dos computadores, também não escapam à sina da utilização dos Xx. Com grande frequência, muitos jovens utilizam esta letra, de uma forma quase aleatória e despreocupada, nos SMS e nas conversas online. Aquilo que, num momento, é suposto facilitar e acelerar a comunicação poderá, a longo prazo, conduzir a uma quase irreversível situação de má escrita da língua portuguesa. Também muitos funcionários que recebem formulários e documentos preenchidos por cidadãos insistem em colocar uma cruzinha na linha destinada à “Assinatura”, quando pretendem indicar o local onde as pessoas devem escrever a sua graça. Para além de inestética, esta frequente acção constitui um hábito antigo que, outrora, teve razão de ser, mas que actualmente poderia ser descontinuada e reformulada.
Resumindo e concluindo, tudo isto são “questões-xave”, mas parece que ninguém está para se “xatear”.

2 comentários:

mari disse...

ahahahahah ri-me muitoooooo
muito bom sim senhora=)

Campos disse...

Muito boa crónica.
Vou tentar ir-me pondo a par do blog.

Um abraço ;)