sexta-feira, 13 de novembro de 2009

13

Hoje é sexta-feira, dia 13 de Novembro. Sexta-feira 13. Fico à espera do azar. Dito isto, deixem-me dar três pancadinhas na madeira, não vá o diabo tecê-las.

Apendicite

Quero escrever, mas não me ocorre nenhum tema. Como quero escrever e escrever é  riscar qualquer coisa com traços, sejam eles letras, símbolos, ou quaisquer outros rabiscos, o facto de não ter um tema não me pode impedir de escrever. Se há liberdade de expressão, seja lá isso o que for, posso escrever o que me apetecer ainda que a minha escrita não sirva para rigorosamente nada, a não ser retirar tinta da carga da minha BIC clássica de cor azul. Escrevo para mostrar que o sei fazer e que, para mim, analfabetismo é uma palavra com seis sílabas e não uma característica que se aplique à minha intelectualidade. Escrevo porque quem escreve deixa a sua marca, nem que seja em portas de casa-de-banho, mesas ou até cadeiras de escola. Escrevo para mostrar que a Cartilha Maternal de João de Deus e a D. Glória Carvalheiro tiveram uma grande virtude ao dotar-me desta capacidade de gatafunhar. Escrevo para mostrar que os canhotos - terríveis criaturas do diabo - sabem fazê-lo, ainda que sujem as folhas quando a caneta tem tinta permanente. Receio que as minhas últimas frases tenham dado um tema a este texto. Eu quero escrever sem tema, já disse. Sem tema e sem conteúdo. É legítimo. Há muitos decretos parlamentares - ou "paralamentar" - que não me parece que tenham grande conteúdo. Por vezes, nem chegamos a perceber a temática que os orienta. No entanto, são publicados no "Diário da República". Como a República é uma coisa respeitada, o seu Diário também o deve ser. Será que me descuidei e já concedi, novamente, um tema a este conjunto banal de frases? Bem, não importa. A questão é simples - eu apenas gosto de seguir os modelos da sociedade e, como tal, agrada-me imitar os cronitas, jornalistas, analistas, especialistas e outras coisas acabadas em -istas, como colunistas, que, ao contrário do que seria desejável, escrevem coisas sem tema, ou outras que, mesmo com tema, têm um conteúdo dispensável e que não são mais do que o apêndice do intestino dos jornais, revistas, blogues e sites. Fico, ansiosamente, à espera do dia em que dê uma apendicite aguda a todos esses meios de comunicação. Não me importo de ser o cirurgião.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O Anfiteatro 2



O Anfiteatro 2 não tem janelas. O Anfiteatro 2 tem três portas. O Anfiteatro 2 tem dois quadros de ardósia, um professor com pó de giz na mão, alunos com os cérebros entorpecidos e o expoente máximo da iluminação de halogéneo. Um jogo de futebol à noite consegue ver-se na perfeição, dada a potente capacidade iluminante dos holofotes. Porém, ver um jogo de futebol à noite não é o mesmo do que ver um jogo de futebol durante o dia. O Anfiteatro 2 até é bem iluminado, mas não há luz como a do Sol, mesmo que seja de noite... Não há luz como a que temos nas ruas. O Anfiteatro 2 tem cadeiras com tábuas de escrita cravejadas com rabiscos, desenhos, insultos, gatafunhos e outras diarreias cerebrais, provavelmente resultantes da claustrofobia crónica dos estudantes que lá se sentam. Os alunos dentro do Anfiteatro 2 são girassóis que começam a murchar devido à falta de luz da nossa estrela mais preciosa. Todas as vozes e sons que se ouvem no Anfiteatro 2 parecem monocórdicos e assemelham-se a rezas hipnotizantes, deixando-nos num estado de quase transe. Tudo o que se passa no Anfiteatro 2 provoca uma sensação bafienta. O Anfiteatro 2 parece um búnquer da Segunda Guerra Mundial. Lá, só consigo associar as aulas a acções de formação militar secretas dadas no subsolo, no sítio mais recôndito que se possa imaginar. Dentro do Anfiteatro 2 sinto-me como um mineiro, prestes a contrair silicose, que arrisca a sua vida para descobrir filões de minerais em galerias e túneis desconhecidos. Os ácaros são, certamente, bichos felizes no Anfiteatro 2, dada a ausência asfixiante do brilho solar. No Anfiteatro 2, as palavras do professor soam-me a uma missa cantada no gregoriano mais arcaico pelo sacerdote mais entediante que possam imaginar. O Anfiteatro 2 parece o esconderijo onde Saddam Hussein foi encontrado, em 2003. Mas ainda pior. O Anfiteatro 2 alberga a nossa presença todas as quartas-feiras durante quatro horas e transforma-nos em toupeiras. Até mesmo a cegueira se verifica, já que só nos resta a vontade de fechar os olhos e adormecer. Não gosto do Anfiteatro 2. Morte ao Anfiteatro 2. Pim!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Crónicas

Enquanto que o post anterior, como devem ter percebido, constitui uma crónica que relata a história de um senhor (entenda-se o eufemismo na designação) que espirrou, com todo o descaramento, para cima de mim, o próximo texto que vos apresento é uma reprodução da crónica que escrevi para a cadeira de Técnicas de Expressão de Português e que servirá como objecto de avaliação para o 1.º semestre, valendo 30% da minha nota final. Esta crónica intitula-se, então, "Factor X".

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“Factor X”

Portugal tem, no seio da sua população, um terrível problema com a letra X e com as cruzes que se assemelham à supracitada letra. Há uma certa dificuldade em uniformizar o comportamento social quando se trata da escrita de um tão fácil cruzamento de duas meras linhas. Quando se trata de eleições nacionais, em que há a oportunidade gratuita e facilitada de o povo expressar a sua opinião e estado de espírito relativamente à política, parece que há um problema de locomoção das pessoas até às assembleias de voto, onde há a possibilidade de os eleitores colocarem uma cruz num quadradinho, gatafunhar a seu bel-prazer o boletim, ou simplesmente entregá-lo tal e qual como o receberam – em branco. O mesmo não acontece com os boletins do Euromilhões, Totoloto ou Totobola, que semanalmente são invadidos por milhares de cruzinhas que tentam desafiar as leis das probabilidades. Por outro lado, há alguns anos, quando a taxa de analfabetismo assolava o nosso país, o mais frequente era assistirmos ao espectáculo indecoroso das “assinaturas em cruz”, que eram bem representativas do paupérrimo nível de conhecimento e formação académica dos portugueses relativamente à “língua de Camões”. Falando em cruzes, não pode ser esquecida a igualmente arrepiante e preocupante realidade das “assinaturas de cruz”, que tantas vezes conduzem a situações de descalabro e que põem em causa a honra, credibilidade e competência de muitos indivíduos. Os jovens, tendo em conta as novas tecnologias e formas de comunicação, nomeadamente através dos telemóveis e dos computadores, também não escapam à sina da utilização dos Xx. Com grande frequência, muitos jovens utilizam esta letra, de uma forma quase aleatória e despreocupada, nos SMS e nas conversas online. Aquilo que, num momento, é suposto facilitar e acelerar a comunicação poderá, a longo prazo, conduzir a uma quase irreversível situação de má escrita da língua portuguesa. Também muitos funcionários que recebem formulários e documentos preenchidos por cidadãos insistem em colocar uma cruzinha na linha destinada à “Assinatura”, quando pretendem indicar o local onde as pessoas devem escrever a sua graça. Para além de inestética, esta frequente acção constitui um hábito antigo que, outrora, teve razão de ser, mas que actualmente poderia ser descontinuada e reformulada.
Resumindo e concluindo, tudo isto são “questões-xave”, mas parece que ninguém está para se “xatear”.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Maleitas e outras coisas imperfeitas



"Diário de Anneormalidades Frankamente lamentáveis em espaços públicos"

Querido diário,

Posso ficar estatelado no chão do autocarro, do metro e do comboio, mas juro que não vou agarrar-me às barras metálicas nos transportes públicos. Eu até posso descer um lanço de escada a rebolar, mas jamais me vou valer dos corrimãos. Posso andar no supermercado, como Hansel e Gretel, a deixar cair coisas no chão, mas deixo bem claro que não pego em cestos nem empurro carrinhos de supermercado. Palavra de honra que não vou lavar as mãos depois de ir ao urinol e/ou à sanita em WC's públicos porque nunca se sabe quem anda a mexer nas torneiras. Vou negar que sou português, passar por mal-educado e, como tal, vou dispensar o beijinho e o "passou bem". Como o cheiro a álcool me traz à memória as vezes em que vou ao centro de saúde buscar as receitas dos medicamentos para a osteoporose da minha mãe, rejeito-me a desinfectar as mãos. Para além de tudo isso, não sou nenhum dentista ou cirurgião para andar com uma máscara na cara, nem muito menos estamos na altura do Carnaval. Como qualquer ser racional, odeio filas de espera, pelo que, se me sentir engripado, urgências de hospital serão os últimos locais a receber a minha visita. Porém, como tenho medo de transmitir a gripe a mim próprio e não gosto de ficar doente, não me causa transtorno espirrar para cima dos outros. Fico bem mais aliviado!

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Berliner Mauer



Foi há vinte anos, no dia 9 de Novembro de 1989, que começou a ser derrubado o Muro de Berlim, estrutura localizada na capital alemã e que separava, por assim dizer, a República Federal da Alemanha da República Democrática da Alemanha. Este acontecimento constituiu um passo de gigante para união das sociedades e para a construção do mundo em que actualmente vivemos.

Deu-se, então, há duas décadas, a "Mauerfall". Como cantaria José Cid, "este amor não tem grandes, fronteiras, barreiras, muro em Berlim".

Despeço-me, assim, com um "Adio, Adieu, Auf Wiedersehen, Goodbye".

domingo, 8 de novembro de 2009

Obrigado, Coliseu



Caros leitores,

estive mais um dia (ontem) ausente, visto que estive presente no "PortusCalle 09" - Festival Internacional de Tunas da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto -, no Coliseu do Porto. Se na minha vida, nunca tinha tocado no Coliseu e aguardava ansiosamente por esse dia, no espaço de duas semanas pisei o palco dessa mítica sala durante três noites. A Tuna Universitária do Porto apresentou-se, assim, a um Coliseu esgotado, abrindo a segunda parte do espectáculo, tendo participado neste evento como extra-concurso, ou seja, não sendo avaliada pelos jurados do festival. Para a história fica mais uma noite de sucesso perante três milhares de espectadores que corresponderam à actuação que lhes foi exibida.

Obrigado, Coliseu! Até à próxima.


Nota: post corrigido no dia 9 de Novembro de 2009